Cadê meu Carnaval?

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Foto de Monique Carrati em Unsplash

Ontem, voltando de táxi, passei pela Lapa. Um dia normal. Uma sexta-feira normal, perto do fim do expediente. Nos bares, os garçons com roupas casuais abriam mesas e cadeiras, fumavam encostados nas paredes, jogavam água com sabão na calçada para diminuir os muitos cheiros que ficam por ali.

Tempos atrás, numa sexta-feira assim, perto de um feriado marcado no calendário, as pessoas não estariam simplesmente com seus terninhos de cor pastel pedindo um chope na calçada. Elas sairiam do trabalho mais cedo com um arco de flores na cabeça, ou um colar havaiano, ou um chapéu de pirata. Balançariam as mãos com os dedos apontados para o alto. Dançariam na rua sem pudores.

Haveria papel colorido, redondo, picado caído no chão. Confete e serpentina estariam misturados com as poças d’água dos cantos das ruas. Moças de biquini e com glitter pelo rosto estariam subindo em motocicletas com o celular em uma mão e um latão de cerveja em outra. Rapazes de sainha, sem camisa e com um arco engraçadinho na cabeça estariam olhando desnorteados para todos os lados.

Começaria o cortejo subindo as ladeiras de Santa Teresa.

Teria cor. Teria música. Teria brilho.

Hoje, voltando de táxi, passei pela Lapa. Um dia normal. Uma sexta-feira normal que já foi chamada de Carnaval, mas hoje é só um feriado no calendário.

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