Cartão

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Um homem vai até uma livraria sebo. Encontra um livro de páginas amareladas. Há rabiscos em algumas páginas, trechos sublinhados, um cartão dentro de um plástico. O cartão torna-se mais interessante que o romance. É um leitor ávido por histórias de desconhecidos. Abre e lê a mensagem: Fátima, esta é apenas uma lembrança. O presente virá quando você puder vir ter comigo. Sempre teu. O mensageiro não assinou. O leitor gostou da empáfia. Talvez acreditasse que ele mesmo, ou o seu amor, fosse o maior presente para Fátima. Será que ela foi ter com ele? Será que morreram velhos com diferença de dias e os netos venderam seus livros? Ou será que Fátima não acreditou na promessa de um presente? Ou  a promessa não era suficiente? O homem-leitor comprou o livro com o cartão dentro. Prometeu a si mesmo investigar a história, talvez reescrevê-la com a ajuda dos rabiscos e palavras sublinhadas. Escreveria um romance pensando em Fátima.


Toranja, uma newsletter com exercícios criativos, trouxe um desafio de escrita para o mês de outubro e eu resolvi me arriscar. Uma palavra para cada dia e um texto de até 250 palavras. Estou compartilhando todos os dias no Instagram do Atrás da porta (e em outras redes minhas) e é claro que o blog não poderia ficar de fora.

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