Quando era criança minha comida favorita era bolinho de chuva. Comecei a ajudar minha mãe na preparação da massa desde os meus oito anos. Era um lanche que fazíamos à noite, especialmente quando chovia. Mamãe perguntava se eu queria bolinho de chuva e meus olhos brilhavam. Era a única coisa que nos fazia levantar do sofá.
Eu dava um pulo e corria para a cozinha para verificar se tínhamos todos os ingredientes: ovo, farinha, açúcar, fermento e leite (quando não tinha leite usávamos água mesmo). Ah, claro, óleo para fritar e, para finalizar, uma mistura de canela com açúcar, crocante e perfumada. O ápice da suculência gastronômica.
Nas noites de chuva isso era um acontecimento. Depois dos bolinhos prontos, os colocávamos em um grande pote e nos sentávamos diante da televisão para assistir a alguma novela com a Claudia Raia. Mamãe trabalhava o dia inteiro, e quando chegava a noite tínhamos um momento juntas.
No dia das mães, eu me levantava cedo, coava o café, fazia bolinhos e arrumava a mesa para que, quando ela acordasse, encontrasse tudo pronto e não tivesse de se preocupar com mais nada.