Querido diário, tudo é barulho. Os aparelhos de ar condicionado, os ventiladores, a máquina de lavar. As maritacas, os periquitos, os cachorros, os monstrinhos, os lasers. As tampas das panelas, as taças que caem no chão, as janelas, a torneira, o elevador, a mesa da cozinha, a descarga, a vassoura, a cadeira, o aspirador. O sol, o futebol, o violão, a reza, a fofoca. A mangueira, a bomba d’água, o chuveiro. A entrega, a porta de casa, a porta do armário, a gaveta, os pulos, a música. O carro do camarão, o carro das frutas, o caminhão de lixo, o ensaio do bloco, o tenor, o acendedor, a casca do ovo.
Tudo era barulho. Tudo parou.