Biblioteca, dia 1. 

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Foto de Zaini Izzuddin na Unsplash

Biblioteca, dia 1. 

Cheguei ao prédio da biblioteca para estudar e escrever. Quase não tem sombra naquela calçada de pedras portuguesas na avenida principal. Não havia chave de armário do guarda-volumes. Não se pode entrar com mochila. 

Sentei-me em um dos enormes sofás brancos com almofadas cinza. Um rapaz que estava sentado em outro sofá enormemente branco diante de mim também aguardava uma chave.

Dez minutos foram suficientes e voilá!, a chave do armário. Lá dentro, fiz meu cadastro para pegar livros emprestados. O dia estava muito quente, muito quente mesmo. Muitas mesas e cadeiras ocupadas. 

Enquanto passeava pelas estantes baixas de ferro, vi pessoas dormindo em pufes, outras ouviam música sem fone de ouvido, um homem fazia uma ligação. Encontrei os livros que procurava e segui na missão de encontrar um lugar para me sentar e, finalmente, escrever.

Encontrei um banco sem encosto diante de uma mesa amarela. Parei ali por um tempo. Abri o caderno. Não consegui pensar em nada. Comecei com um exercício de tempo: escrever durante 9 minutos. Coloquei o celular para vibrar. Escrevi qualquer coisa em uma página do meu caderno de cactos. Em seguida, copiei uma crônica. Circulei as palavras ou situações que cabem na personagem de um conto que estou escrevendo. Meus ombros e costas começaram a reclamar. Levantei e procurei outro lugar.

Uma mesa comprida, mais ao fundo. Meu único vizinho estava à esquerda, sonolento, lendo papéis. Do meu lado direito, uma barreira impedia que eu visse o restante do corredor à direita e também à minha frente. Só conseguia fazer isso ao me levantar. Privacidade suficiente.

Não vi que do outro lado da barreira, no meu lado direito, dois homens assistiam vídeos no celular e comentavam entre si. SHIIIIIIUUUUU. Meu primeiro aviso. Fiquei incomodada. A esta altura meu então vizinho tinha se levantado e eu devia ser a única pessoa por perto daqueles dois. Levantei irritada, encarei os dois e procurei outra mesa. 

Valeu o esforço. Fui para o outro lado, perto da entrada principal. As mesas estavam mais vazias e o ambiente recebia mais luz natural. Encontrei mesas cinza e cadeiras vermelhas. Peguei um dos livros, o que a Fal indicou, e li o primeiro conto. Gostei. 

Deu minha hora. Saí da biblioteca e fui fazer um lanche. Não foi meu adorado cafézinho porque quero diminuir a quantidade de cafeína ingerida. Não tenho dormido bem. Um suco de laranja e uma empanada de alho poró. Esqueci do docinho. 

Caminhei por quinze minutos. 

Cheguei ao meu destino e o portão estava fechado.

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