Café e companhia

Compartilhe:

A sala está uma escuridão. Na biblioteca é difícil trabalhar à noite. Exagerei no brilho da tela do computador. Eram quatro e meia da tarde quando consegui me sentar na cadeira acolchoada da biblioteca, diante da escrivaninha azul que eu mesma pintei. 

Escrever. Um clique e a tela do computador ficou preta por menos de um segundo. O documento abre no mesmo lugar onde parei. Algumas palavras, duas linhas. Ouço os passos da minha mãe na cozinha. 

Cheiro de café. Recebo uma xícara fumegante e uma companhia. Ela se senta na outra cadeira preta acolchoada, perto da janela. Abre uma sacola e tira dela alguns objetos que comprou para sua casa e para presentear. Chinelos, grampeador, escova para o vaso sanitário. O padrinho vai ganhar duas cumbucas com alça, e eu ganhei um mini-processador manual.

Uma música triste sai de dentro do computador. Sonata. Deu a hora de buscar o filho na escola.

Compartilhe: