Olho para a tela em branco. Não é que me assuste. É um imenso vazio. Por onde começar quando não há nada? Para onde olhar? Não se tem trilha, nem placas, nem mato alto. O que se tem é o passado. O caminho que me trouxe até aqui.
O cursor pisca. Está mais impaciente que eu. Só que hoje não quero brigar. Até escolhi uma companhia. Minha companheira de antes, a caneta preta, não aguentou chegar até aqui, cansou da estrada e desfaleceu. Hoje tenho a rosa — era a que estava disponível, ouse seja, a que estava mais perto. Quem sabe com uma cor mais viva não encontro a luz?
Escreva. O quê? Eu disse: escreva! Quem disse isso?
Já estou há tanto tempo diante da tela em branco que começo a delirar?
Vou deixar a caneta, a tela, tudo. Não há caminho por aqui, não sei a direção.
Vá, escreva!
Talvez eu precise parar de pensar tanto. Talvez a tela em branco esteja falando comigo. Talvez ela me assuste, afinal.
Escreva! Não sei o que posso escrever.
Deixe de ser covarde! Escreva!
O pescoço está formigando. Não sinto meu braço esquerdo. Quando foi que minha cabeça caiu? O computador desligou? O que está escrito ali?
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