Exame marcado pelo telefone. Duas semanas adiante. A data não chega nunca. Chega o dia. É dia também de fazer supermercado, de preparar a comida, de arrumar a criança para a escola. Deu tempo. Putz, esqueci das lâmpadas!
Chegar com trinta minutos de antecedência. Boa tarde, boa tarde. Qual a forma de pagamento? Sala tal, aguarde ser chamada.
Boa tarde, boa tarde. Luzes brancas em toda a recepção, portas fechadas, cadeiras distantes umas das outras, ambiente limpo.
Do corredor, a recepcionista chama, leva até a sala. Tirar a roupa, colocar o roupão e esperar na maca. O corpo esticado, rígido, a respiração curta, os olhos fixos no teto.
Paredes todas brancas, dois monitores, um aparelho de ar-condicionado acima da janela, persianas azuis fechadas. Os olhos fixos, agora na parede, em um ponto acima do ar-condicionado. A boca se contrai. Braços dobrados atrás da cabeça, pernas esticadas. Nenhum movimento. Gel espalhado sobre o seio.
Acabou. Troca de roupa. Resultado na próxima semana.
Boa tarde, boa tarde, fica com Deus.