Aprendi com minha mãe a sempre comprar uma lembrancinha para uma criança a cada vez que fosse ao centro da cidade. A criança que recebia esses mimos era eu. Isso acontecia nos dias em que minha mãe precisava resolver burocracias.
Eu a acompanhava com a missão de seguir o roteiro, sem desvios, eu precisava ficar atenta. No fim, com as pendências resolvidas, era hora de ganhar alguma coisa: uma parada na lanchonete, uma revista da banca de jornal, papel de carta. Coisas pequenas.
No dia de pagamento, a missão de seguir o roteiro era a mesma. Mas a recompensa era maior. Roupas, adoro ganhar roupas de presente, principalmente meias coloridas. Ou brinquedos. Ou livros.
Depois do presente íamos até uma padaria e pedíamos um pacote de biscoitinhos cobertos de açúcar que desmanchavam na boca. Comíamos um ou dois e guardávamos na bolsa. Seguíamos para a última parada do roteiro: a lanchonete onde comíamos uma fatia de pizza. E geralmente encontrávamos algum conhecido por lá, fazendo as mesmas extravagâncias que nós. E só então voltávamos para casa, exaustas de tanto andar.
Hoje fui ao centro da cidade resolver algumas pendências. Coisa rápida. Depois de tudo resolvido, entrei em uma papelaria. Trouxe um livro de colorir para uma criança.