Estava esparramada no sofá. Assustou-se ao perceber a própria condição. Era degradante. E para quê? Durante muito tempo se sujeitou a fazer o que abominava, tornou-se uma pessoa detestável até para si mesma. Agora se perguntava como sairia dali. Sim, da situação ultrajante que a acompanhava, mas também do sofá onde seu corpo afundava. Não estava confortável. E também não encontrava forças para se desvencilhar. Olhou ao redor em busca de apoio e nada. Alguns copos largados, líquidos desconhecidos derramados, roupas espalhadas. O botão de uma camisa verde pendurado por uma linha. Estava no limite. Tentou esticar o braço a fim de alcançar uma cadeira. Conseguiu apoiar-se. Confiou. Pôs toda sua força naquele braço. Ela e a cadeira tombaram no chão da sala fazendo um estardalhaço.
A Toranja, uma newsletter com exercícios criativos, trouxe um desafio de escrita para o mês de outubro e eu resolvi me arriscar. Uma palavra para cada dia e um texto de até 250 palavras. Estou compartilhando todos os dias no Instagram do Atrás da porta (e em outras redes minhas) e é claro que o blog não poderia ficar de fora.