Anos atrás, quis fugir do carnaval. Fugir das visitas bruscas, dos hóspedes improvisados. Fui para uma cidadezinha. Estava em busca de paz e tranquilidade. No primeiro dia, acordei cedo e fui tomar banho de rio. Logo que a noite chegou, percebi que a cidade não era tão tranquila. O batuque começou bem em frente ao hotel. Um bloco de boas vindas para os hóspedes, me disseram. Fiquei no quarto esperando o barulho acabar. Acabou de madrugada. Não dormi direito, acordei tarde, mas consegui voltar ao banho de rio no dia seguinte. À tarde, fiz um passeio pela cidade. Parei em um lugar charmoso, um bar pequeno com petiscos deliciosos. O dono me ofereceu uma dose de cachaça. Recusei, eu queria desviar de tudo que me lembrasse o carnaval. Voltei, no entanto, no dia seguinte. E no seguinte, e no seguinte. Sempre recusando a dose ofertada. No meu último dia, não tive como escapar. Aceitei a primeira. Desceu bem a danada! Pedi uma segunda dose, e depois mais uma. Quando dei por mim, estava prestes a virar sócia daquele boteco minúsculo e me mudar para o interior.
A Toranja, uma newsletter com exercícios criativos, trouxe um desafio de escrita para o mês de outubro e eu resolvi me arriscar. Uma palavra para cada dia e um texto de até 250 palavras. Estou compartilhando todos os dias no Instagram do Atrás da porta (e em outras redes minhas) e é claro que o blog não poderia ficar de fora.