Panela

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Se faço arroz e feijão para o almoço, ele reclama do café ralo. Se o café está quente e forte, ele reclama que acabou o açúcar, ou de não encontrar a caneca. Reclama do refrigerante não estar gelado, ou sem gás. Reclama das plantas no sol, das panelas do lado esquerdo do armário, das pilhas de potes de plástico que uso para congelar comida. Ele reclama que não cozinho todos os dias, e quando a banana fica madura demais, ou quando a maçã vem ácida demais. Reclama que acabou a farinha, quando só tem ovo para jantar ou do ponto da carne. Quando vou ao mercado, ele faz uma lista de exigências. Se trago tudo o que me pede, reclama dos gastos. Se trago o básico, diz que não comprei nada que preste. Ele sai todas as noites para espairecer, volta de madrugada, acorda tarde, sai atrasado para o trabalho. No dia em que fui embora, ele reclamou que o café estava frio. Peguei algumas sacolas, enchi com coisas minhas e disse que ia trazer açúcar na volta.


A Toranja, uma newsletter com exercícios criativos, trouxe um desafio de escrita para o mês de outubro e eu resolvi me arriscar. Uma palavra para cada dia e um texto de até 250 palavras. Estou compartilhando todos os dias no Instagram do Atrás da porta (e em outras redes minhas) e é claro que o blog não poderia ficar de fora.

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