No metrô com Clarice

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O ônibus veio cheio, atrasado.

O metrô veio cheio, cheguei cedo.

Põe a máscara, tira a máscara.

Roleta. Escadas. Musiquinha. Máquinas. Cartões. Bilheteria: Fechado.

Onde estão as pessoas? Não têm emprego.

Não há pessoas, só máquinas.

Luzes. Placas.

Rápido. Para, anda. Rápido. Para, anda.

Fones de ouvido.

Peguei meu livro de Clarice e li no metrô.

Suspirou muito porque era difícil viver só. A solidão a esmagava.

Um dia serei escritora. Quero dizer às pessoas coisas que elas sentem e não encontram palavras para dizer.

Bem, talvez eu não seja esse tipo de escritora. Talvez eu seja de outro tipo, estou para descobrir de que tipo.

Ah, Clarice, que bela companhia você me faz.

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