Não faz muito tempo, li um livro cujo gênero não sei situar. Foi uma leitura incômoda. Fui levada para lugares e memórias desconfortáveis. A história em si e o estilo são bons. Algumas situações me foram familiares.
Hoje é um lugar distante. Quando retorno para a cidade onde cresci, vejo que as coisas mudaram, lojas fecharam, casas foram reformadas. A casa onde morei, uma delas, não existe mais.
No entanto, há algo que permanece. A padaria da esquina, onde sempre parava com minha mãe para levar pão para casa depois da escola – às vezes um chocolate surpresa ou um chiclete ping pong. As pessoas, algumas, continuam nas mesmas casas, ou nas mesmas funções.
Esse lugar, do qual não me vejo pertencendo agora – se é que pertenço a algum lugar – é o mesmo que me inspira a escrever sobre alguém que jamais conheci.