Busquei no movimento leia mulheres a inspiração para montar o projeto Um ano com Virgínia Woolf, que consistiu na tentativa de ler, ao longo do ano de 2020 e parte de 2021, a obra da escritora britânica. O projeto surge depois da leitura da biografia A medida da vida, de Herbert Marder (Tradução de Leonardo Fróes, Cosac Naify, 2011) que fala dos últimos de vida da escritora. Fiquei fascinada e isto reavivou em mim o interesse por ler sua obra. Criei, portanto, uma lista com seus textos de ficção (contos e romances), ensaios e partes dos diários para tentar da conta da complexidade da produção de Woolf ao longo de doze meses. Após, ou durante, as leituras compartilhei minhas impressões na newsletter atrás da porta. Logo abaixo você encontrará trechos do que escrevi, ou de citações, com os respectivos links para o texto completo. Se quiser, envie uma mensagem para mim dizendo o que achou. Até mais, Elaine.
#1 – A Viagem
Rachel e Terence se descobrem apaixonados, declaram isso um para o outro mas são constantemente interrompidos pelos acidentes da vida. Acabar com as dúvidas entre eles se faz necessário, estabelecer os limites e que tipo de relação teriam. Eles contam tudo um para o outro, seus gostos, seus hábitos, rotina, percepções, desejos etc., e, por fim, decidem pelo futuro convencional, juntos, até que a tragédia os encontra.
#2- Contos completos (parte I)
Os primeiros contos são publicados antes do primeiro romance, A Viagem (1915), e são bem diversos, alguns com mulheres protagonistas; observações sobre a cidade; memórias; a busca por algo fundamental; sobre arte e escrita. Destaquei seis contos com estes temas para falar um pouco a respeito.
#3 – Contos completos (parte 2)
Os contos do começo da década de 1920 são marcados pela presença do casal Clarissa e Richard Dalloway que, antes disso, ainda aparece no romance de estreia de Woolf, A Viagem (1915), e foi a leitura inaugural da série #UmAnoComVirginiaWoolf e você pode ler o que escrevi aqui. No romance, os Dalloway são passageiros – marcantes, eu diria – da embarcação Euphrosyne que sai de Londres com destino à América do Sul.
#4 – Um teto todo seu
Logo no começo de sua leitura, Woolf lê a célebre sentença:
Tudo o que eu poderia fazer seria dar-lhes a minha opinião sob um ponto de vista mais singelo: uma mulher precisa ter dinheiro e um teto todo seu, um espaço próprio se quiser escrever ficção.
onde aponta que para uma mulher escrever é preciso um espaço próprio, um espaço onde somente a escritora possa estar, e, aí sim, desenvolver suas habilidades criativas, criar as histórias que lhe vierem à mente, explorar os mais variados gêneros.
#5- Mrs. Dalloway
Clarissa Dalloway é uma mulher inteligente do começo do século XX cujo trabalho é representar bem o papel de uma dama da alta sociedade londrina. E ela o executa bem. Ser uma boa anfitriã é parte do seu trabalho, é mais uma tarefa dentre outras neste papel que se espera de uma mulher com seu status.
#6 – Sobre estar doente
Sobre estar doente foi publicado em 1926, na revista New Criterion. Neste texto Virginia escreve sobre como diferentes doenças e suas manifestações são registradas em textos literários. Ela usa como exemplo a gripe e seus sintomas, e isso é surpreendente. Estamos acostumados a ler sobre “doenças da alma”, “doenças do espírito” e Woolf nos fala sobre doenças físicas e como são, ou poderiam ser abordadas em textos literários.
#7 – O quarto de Jacob
Jacob nada tinha a esconder de sua mãe. Apenas não conseguia entender essa extraordinária excitação, e quanto a escrever a esse respeito…
#8 – Entre os atos
O cenário para a história de Isa e Giles é a apresentação de uma peça de teatro em Pointz Hall. Eles são espectadores. O texto conta com os imprevistos de um evento ao ar livre, os temores pelas críticas, a ironia afiada da autora e, claro, pausa para o chá. O casal está o tempo todo em confronto, por causa de suas escolhas, seus desejos, mas esse confronto se dá no campo do silêncio e dos olhares que trocam entre si.
#9 – Orlando
Na biografia fictícia que Woolf escreve, Orlando é um jovem rapaz de 16 anos no século XVI e tem sua vida contada até o presente, até o ano de publicação do romance, 1928, com Orlando sendo uma mulher de 36 anos. É depois da mudança de sexo que publica um poema, ganha notoriedade e recebe a homenagem de ter sua vida contada por outra pessoa.
#10 – Diários
Vale dizer, para referência futura, que o poder criativo que borbulha tão agradavelmente ao começar um novo livro se acalma depois de um tempo, e continua-se com mais firmeza. As dúvidas surgem. Então nos resignamos. A determinação de não ceder, e a sensação de uma forma iminente nos mantêm nisso mais do que tudo. Estou um pouco ansiosa. Como vou levar a cabo esta concepção?
#11 – Noite e dia
As duas personagens, Katherine Hilbery e Mary Datcher, representam os novos caminhos que se irrompem para a mulher no começo do século XX. Virginia Woolf escreve sobre mulheres cujas identidades e desejos não estão encerrados numa caixa.
#12 – Como se deve ler um livro?
O único conselho sobre leitura que uma pessoa pode dar a outra é não aceitar conselho algum, seguir os próprios instintos, usar o próprio bom senso e tirar suas próprias conclusões.
#13 – Ao Farol
Em Ao Farol, conhecemos a sra. Ramsay, seu marido, os oito filhos e alguns amigos que costumam passar o verão em uma casa já desgastada nas ilhas Hébridas. A primeira parte, intitulada “a janela”, começa como se fosse uma história em andamento. Os filhos mais novos querem ir ao farol, mas o pai, sr. Ramsay, insiste em que, no dia seguinte, o tempo não vai estar bom para o passeio, o que leva a um dos embates silenciosos entre marido e mulher.